Comércio é o pior? Setores que podem ser mais afetados pela Reforma Tributária

A reforma tributária finalmente saiu do papel, mas será que veio para resolver ou para complicar? Mas antes de qualquer julgamento precipitado, é preciso entender o que realmente está acontecendo. A Emenda Constitucional nº 132, aprovada no final de 2023, trouxe uma reestruturação significativa no sistema de tributos do Brasil. Mas, se por um lado ela promete simplificação, por outro, pode gerar impactos pesados em alguns setores específicos.

Mas qual é a grande mudança? O atual modelo tributário, reconhecido por sua complexidade, será substituído por um Imposto sobre Valor Agregado (IVA), dividido em duas partes: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). A ideia é unificar tributos para facilitar a vida das empresas. Mas será que essa simplificação realmente trará benefícios para todos?

Setores que podem sentir mais no bolso

A princípio, o objetivo da reforma parece claro: reduzir burocracias e tornar o sistema mais transparente. Mas, como toda grande mudança, alguns setores serão mais impactados do que outros. E, nesse caso, o comércio e o setor de serviços estão no centro da polêmica.

O comércio já enfrenta uma carga tributária pesada, mas com a nova estrutura de impostos, o aumento pode ser expressivo. O varejo pode ter um acréscimo de até 18% na carga tributária, o que significa que lojistas precisarão rever suas estratégias para não perder competitividade. Mas a situação fica ainda mais preocupante para o setor de serviços, onde a alta pode ultrapassar 80%! Sim, um impacto que pode afetar diretamente pequenos e médios empresários, que já operam com margens reduzidas.

Competitividade em risco para o comércio?

Mas não é só dentro do Brasil que essa mudança pode fazer estrago. Em comparação com outros países, a alíquota do IVA brasileiro pode alcançar 27,97%, possivelmente tornando-se a mais alta do mundo. Com essa carga tributária elevada, as empresas brasileiras correm o risco de perder espaço no mercado global. Mas a preocupação não para por aí: além da perda de competitividade externa, as empresas podem ter dificuldades em atrair investimentos, já que a alta tributação reduz margens de lucro e capacidade de reinvestimento.

Empresas de menor porte são as que mais sentem essa pressão. Mas, sem ajustes estratégicos, até mesmo grandes corporações precisarão repensar sua estrutura financeira para evitar prejuízos no longo prazo.

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Construção civil e setor imobiliário no radar

Se engana quem pensa que apenas comércio e serviços estão na berlinda. Mas outro setor que pode sentir o impacto é a construção civil. Com um papel fundamental na economia brasileira, a construção civil gera milhões de empregos e representa uma fatia expressiva do PIB. Mas a nova alíquota de 16,78% para vendas de imóveis por empresas pode desestabilizar o setor. Hoje, a carga tributária das incorporações varia entre 6,4% e 8%, o que significa que o aumento será significativo.

Associações do setor já estão pressionando por mudanças. Mas, até o momento, o governo defende a alíquota estabelecida, alegando que há compensações e benefícios que equilibram o impacto. Mas será mesmo? O fato é que, se essa alta se concretizar, poderá haver redução nos lançamentos imobiliários e aumento no preço dos imóveis, dificultando o acesso à casa própria para muitos brasileiros.

Planejamento será essencial, dentro e fora do comércio

Mas, diante desse cenário, há saídas? A resposta está no planejamento estratégico. Empresas precisarão repensar suas estruturas de custo, buscar alternativas para otimizar tributos e garantir que sua operação continue saudável financeiramente. Mas não basta apenas cortar despesas: será fundamental estudar as novas regras e entender como aproveitar eventuais benefícios fiscais que possam surgir com o novo modelo.

A simplificação da reforma tributária pode trazer avanços, mas ainda há muitas incertezas sobre seus efeitos práticos. Mas uma coisa é certa: quem não se preparar pode sentir o impacto de forma muito mais intensa. A longo prazo, a adaptação ao novo sistema será determinante para garantir que negócios prosperem, sem comprometer a competitividade do país.

Afinal, o comércio pode ser um dos mais afetados, mas não será o único. E, no meio de tantas mudanças, a melhor estratégia será se antecipar aos desafios e transformar obstáculos em oportunidades.

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Rodrigo Peronti

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